quarta-feira, 14 de julho de 2010

Treinamento de Hapkido pelos Policiais Gaúchos

Polícia Civil gaúcha inova na formação de seus policiais

Um curso de hapkido prepara os agentes nas práticas de imobilização e desarmamento de criminosos



Golpes, alavancas, socos, quedas, rolamentos e luxações transformam o Hapkido em uma das artes marciais mais eficazes que existem. Basicamente utilizada para a defesa pessoal, esta arte marcial ainda é pouco difundida no Brasil. Pois a Polícia Civil gaúcha viu, nesta técnica sul-coreana, predicados que podem melhorar o preparo e o desempenho dos agentes policiais. A partir de uma iniciativa do delegado João Bancolini, atual Diretor do Denarc — Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico —, um curso de defesa pessoal, baseado na prática do hapkido, treina, há mais de três meses, o policial para enfrentar as diversas situações da sua profissão com mais lucidez.

O curso é ministrado pelo mestre Luís César Nunes, e visa preparar para a imobilização na condução e colocação de algemas em presos, no desarmamento de pessoas com arma de fogo a curta distância, e no condicionamento físico, convertendo o hapkido à técnica mais adequada ao agente policial. Com anos de experiência ensinando policiais civis e militares, o mestre Luís César considera a técnica do hapkido fundamental para o policial manter a tranqüilidade em momentos de grande adrenalina na profissão: Este treinamento ajuda no lado psicológico e emocional do policial, porque se ele estiver bem preparado, com autocontrole, ciente daquilo que vai aplicar, ele evita o uso da arma, muitas vezes o excesso, a lesão. Isto faz com que o criminoso respeite mais o policial.

O Hapkido é uma arte marcial que não usa tanto a força, usa um sistema de torções e alavancas, imobilização de braços, pernas e pescoço. Especificamente para o policial, as práticas treinadas são em cima da defesa, mas também possibilitam a antecipação, evitando o uso de violência e do excesso de força. Atualmente estão participando do curso dois delegados e dez agentes, sendo que o limite de vagas é de 20 pessoas. Segundo o mestre Luís, é possível individualizar o treinamento, inclusive com mulheres que, segundo ele, têm até mais facilidade de executar os movimentos do hapkido por possuírem maior elasticidade. Apesar de considerar o treinamento mais fácil de ser ensinado ao agente policial, por terem um “algo a mais”, o Mestre aponta, como grande dificuldade dos policiais, o preparo físico: Muitos são sedentários e sentem falta de treinamentos específicos para o condicionamento físico, o que dificulta a execução de alguns movimentos do hapkido.

O Inspetor Volnei Lima, assíduo em diversos cursos dentro da Polícia Civil, não perde a oportunidade de apreender técnicas novas: É uma questão de sobrevivência a prática do treinamento, a minha vida está em risco, e eu tenho mais idade, preciso estar treinado. Este tipo de treinamento é comum dentro de todas as polícias do mundo, as mais evoluídas possuem testes semestrais e anuais de condicionamento físico ao policial de rua. No Brasil, é comum apenas um teste quando o agente ingressa na polícia.

O delegado João Bancolini, Diretor do Denarc, é o principal responsável pela inclusão do treinamento de artes marciais dentro da Polícia Civil. Considerado por ele um hobby, o delegado João Bancolini praticava o hapkido antes mesmo de ingressar na polícia. Presidente, durante três anos, da Federação Gaúcha de Taekwondo, O Delegado Bancolini é um admirador e incentivador da prática de artes marciais em todos os departamentos por onde passa: Tanto na 3ªDPRM, onde fui titular, quanto agora no Denarc, tenho destinado um local para o pessoal treinar ou até mesmo aprender, pois é sempre importante para a saúde do policial. Muitas vezes também, o policial se depara com situações em que seu desempenho fica ainda melhor se ele tiver um preparo para enfrentá-las. O mestre Luis César vê a participação do Delegado Bancolini importante para cativar mais agentes para ingressarem nos cursos, aumentando a autoconfiança do policial.

E os policiais gaúchos não poderiam estar em melhores mãos. O mestre Luís César Nunes foi o primeiro brasileiro a prestar exame no curso acima de 4º DAN (grau na prática do hapkido), que só os mestres com 15 e 20 anos de prática em artes marciais podem fazer. Ele sugere o aprendizado de artes marciais também ao cidadão comum. Ao praticar em uma academia, com orientação, uma pessoa pode atingir a faixa preta dentro de dois ou três anos. Por trás da atividade física e do desenvolvimento do corpo, diz o mestre, está um legado histórico, fundamentalizado, filosófico, que prepara o cidadão, cada um com seus limites.

Fonte:Polícia Civil RS

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